Falta pouco!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Alexandra: símbolo da desigualdade sul-africana na principal cidade do país

Comunidade de Joanesburgo, onde morou Mandela,
é uma das mais pobres do país, mas fica a apenas 10 minutos
de bairros ricos da cidade


Image and video hosting by TinyPic


Alexandra é um nome que costuma causar calafrios em bairros nobres de Joanesburgo. Não exatamente por causa de sua pobreza, mas, principalmente, pela sua proximidade. Ao contrário da maioria das outras comunidades, ela é visível. Está a apenas dez minutos de carro de alguns dos centros mais ricos da cidade mais próspera de toda a África. Perto o suficiente para lembrar a enorme distância que ainda separa a África do Sul da igualdade social. Falar de Alexandra no país é, em primeiro lugar, lembrar da violência, depois da pobreza, e sempre usá-la como exemplo de um país que ainda não se resolveu.

- Dizer que Alexandra é violenta é uma meia verdade. Nunca tive problemas aqui, mesmo à noite. Às vezes alguém é baleado ou roubado, mas são casos mais isolados e controláveis. Não é como no Brasil, por exemplo, onde a polícia nem consegue entrar em certas áreas. Aqui o crime não é organizado como em outros países. Mas há muita gente que infelizmente sai daqui para assaltar em bairros como Sandton. Eles veem a riqueza de lá e querem ter o mesmo. Isso traz uma imagem ruim para nós - explicou Albert Chief Mathebula, nascido há 50 anos em Alexandra.

Dentre os 470 mil habitantes, todos são negros. É assim desde o início do século passado. Durante o regime do Apartheid, o governo branco criou áreas afastadas do centro da cidade, como Soweto, para entulhar os negros. As comunidades mais próximas da cidade foram desocupadas à força. Mas Alexandra, que já era enorme, resistiu. Seu morador mais famoso foi Nelson Mandela, que viveu lá logo que chegou a Joanesburgo, um pouco antes de se mudar para Soweto. Anos mais tarde, em 1994, Mandela ajudou a acabar oficialmente com a segregação racial. Se isso, por si só, não resolveu a vida de todos, ao menos serviu para trazer esperança.

- Nossa vida é muito melhor do que na época do Apartheid, simplesmente porque hoje temos o direito de votar. Podemos participar da construção do nosso futuro, escolher e depois cobrar nossos representantes. Mas não adianta achar que um presidente pode fazer tudo sozinho, é preciso haver pessoas capacitadas lá para servir ao povo. Só que normalmente essas pessoas só querem saber de servir a si mesmas, é assim em quase todos os lugares - analisou Albert.



Image and video hosting by TinyPic


Matlata Thabong, de 12 anos, também morador de Alexandra, já faz parte de uma geração diferente. Daquela que nasceu em um país democrático, que não viveu o Apartheid e que talvez por isso não veja o país em preto e branco como os mais velhos. Ao apontar os problemas de Alexandra, ele não fala de política, emprego ou violência. Mira em pontos muito mais simples.

- Eu gosto de viver aqui, só não gosto da sujeira. As pessoas jogam muito lixo na rua, não acho isso certo e não faço isso. Quero minha cidade limpa - disse ele.

Nesta quinta-feira, Matlata foi uma das crianças convidadas pela Fifa para a inauguração do projeto Football For Hope (Futebol para Esperança, na tradução para o português) em Alexandra. Um espaço para a comunidade com quadras de futebol, basquete e tênis.

- A gente até já jogou tênis aqui, mas o que gosto mesmo é de futebol. Vamos à escola de manhã e à tarde temos um campo legal pra jogar - afirmou o animado menino.

Caso Thabong consiga manter a rotina de livros e bola, tem boas chances de se tornar um adulto saudável, aposta Albert. Depois de meio século em Alexandra, ele aprendeu que a receita para que um dia o lugar deixe de ser visto com temor é simples.

- Nosso caminho é colocar nossas crianças na escola, dar oportunidade para elas praticarem esportes, aprenderem música, ocuparem a cabeça. Só assim chegaremos ao dia em que nenhum sul-africano será pobre. Quem sabe daqui a uns 20 anos…

Fonte: http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL1544703-17852,00-ALEXANDRA+SIMBOLO+DA+DESIGUALDADE+SULAFRICANA+NA+PRINCIPAL+CIDADE+DO+PAIS.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário